O transporte urbano vive uma crise sem precedentes no Brasil. A situação que já não era boa, agravou-se com a perda de passageiros da pandemia, a partir de 2020.
Estopim das manifestações de 2013, o aumento das tarifas acima da inflação, pela pressão dos custos,, alimenta um ciclo vicioso: a redução de passageiros leva ao aumento da tarifa, que afasta ainda mais o usuário de baixa renda.
Segundo levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), existem hoje 1,8 mil operadoras em 2.901 municípios.
O faturamento anual do setor chega a R$ 42 bilhões.
Apenas 11 sistemas têm algum tipo de subsídio público – em sua maioria para arcar com políticas sociais, como gratuidades de estudantes e idosos. Isso significa que, com raras exceções, os sistemas são custeados unicamente pelas tarifas dos passageiros.
O transporte coletivo é responsável por 50% das viagens motorizadas no país e fornece um serviço essencial para manter as cidades em movimento.
Os números divulgados pelas associações privadas do setor mostram que o prejuízo acumulado das empresas de ônibus urbanos foi de R$ 11,57 milhões entre março de 2020 e fevereiro de 2021.
A perda de receita tarifária das empresas de metrôs e trens urbanos foi de R$ 8 bilhões. No mesmo período, 18 empresas e três consórcios de ônibus encerraram suas atividades no país.
Um estudo da FGV CERI evidencia a necessidade de se pensar em outras formas de custeio da operação.
A distribuição adequada dos custos do transporte entre os usuários e beneficiários diretos (transporte individual) e indiretos (contribuinte) do sistema de transporte já é uma das diretrizes da Lei de Mobilidade Urbana e deve ser colocada em prática.
“Não se sabe qual dessas é a melhor solução, mas o debate é importante para encontrar uma solução viável para todas as partes”, sugere o estudo.
“Neste momento de crise, em que os três níveis do governo sofrem pressão dos mais diferentes setores, o poder público deve estar ciente da importância do transporte coletivo. Além de essencial para os profissionais da saúde, pessoas que buscam assistência médica e trabalhadores de serviços essenciais, só o setor de transporte público por ônibus gera 500 mil empregos diretos em três mil municípios. Além disso, desde 2015 o transporte é tido como um direito social no Brasil e, portanto, deve ser garantido pelo Estado”.
Para a FGV CERI, a ausência de uma adequada integração entre os diversos modos de transporte/logística é um gargalo reconhecido há tempos em nosso país e contribui para uma série de outras ineficiências, afetando negativamente toda a cadeia produtiva, o transporte em longas distâncias e o comércio exterior.
Jornal Já