“Atualmente, apenas 15,8 mil mulheres ocupam cargos de motorista profissional no Brasil. Contudo, por mais que ainda tenhamos muito a conquistar, a boa notícia é que há muito espaço a ser ocupado pela presença feminina no setor de transporte”.
Com essas palavras, a diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, resumiu a perspectiva da entidade em relação ao cenário de oportunidades que se vislumbra no país. “Enquanto entidade qualificadora, o SEST SENAT vem focando as suas ações para preencher esse espaço”, disse a diretora no painel conduzido por ela no 1º Seminário Trânsito para Elas, realizado pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), em parceria com o Instituto Mulheres pelo Trânsito.
Ao público que marcou forte presença no evento, realizado na manhã desta quarta-feira (17), em Brasília, Nicole Goulart fez questão de enaltecer a educação profissional como um elemento imprescindível para a transformação do setor, o que inclui projetos que fomentam a diversidade, o aumento da participação feminina no setor, além de boas condições de trabalho e ambientes saudáveis. Isso é o que o SEST SENAT tem feito por meio de capacitações ofertadas especificamente para esse público, além de diversos projetos, muitos deles firmados com órgãos públicos e empresas do setor.
Como exemplo, ela citou parcerias com o Movimento A Voz Delas, da Mercedes-Benz, e os projetos Caminho para Elas, da Iveco; Elas no Volante, da Lots Group – Três Lagoas/MS; e Iron Women, da Volvo. A diretora falou, também, sobre o programa Mais Motoristas, por meio do qual o SEST SENAT financia integralmente a mudança de categoria da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para quem deseja fazer parte do quadro de motoristas profissionais. “O nosso sonho é, ao entregarmos a carteira na categoria D ou E (ônibus ou caminhão), vermos o profissional sair empregado”, disse.
Para se ter ideia do alcance desse projeto, a entidade abriu inscrições para 2 mil vagas e recebeu 55 mil inscritos; desse total, 12% são mulheres. Já entre as 2 mil CNHs entregues, 400 foram para o público feminino. “O papel do SEST SENAT é criar condições para que essas profissionais sejam capacitadas e integradas ao mercado de trabalho”, afirmou a diretora.
Embora a entidade venha envidando cada vez mais esforços para ampliar a participação feminina no setor, Nicole Goulart aborda uma questão de grande importância. “O aumento do número de mulheres motoristas profissionais no setor de transporte somente será possível com o suporte de uma grande rede de apoio colaborativa, formada por embarcadores, pelas empresas e pelo governo”, explicou a diretora. Ela se refere, por exemplo, a outras questões enfrentadas para o exercício da profissão, como segurança e condições básicas de trabalho (como banheiros específicos para esse público).
Para finalizar, ela contextualiza o cenário geral. “A ausência de motoristas profissionais é um problema no mundo inteiro, mas, em um país como o nosso, que conta com uma matriz rodoviária muito forte, esse impacto é muito significativo. Nos últimos cinco anos, tivemos 1,5 milhão a menos de motoristas profissionais”, contou. Por isso, segundo a diretora, a união de esforços de atores públicos e privados é fundamental para resolver esse problema. “Por meio de suas ações práticas para a melhoria desse cenário, com foco no aumento da empregabilidade, o SEST SENAT se mantém aberto para construir um futuro de mais inclusão no setor de transporte, que é tão vital para o desenvolvimento do país”, concluiu.
Além de Nicole Goulart, participaram do evento o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão; a secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres, Analine Specht; a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Letícia de Oliveira Cardoso; a presidente do Instituto Trânsito pelas Mulheres, Carolina Marino; e a chefe de gabinete da deputada federal Gleisi Hoffmann, Dayane Hirt.