O presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Vander Costa, conclamou a união da classe política do Rio Grande do Norte em prol da realização de projetos de infraestrutura, como a construção do Porto Potengi, que seria uma nova unidade portuária na margem oposta à do Porto de Natal.
Um estudo de viabilidade técnica patrocinado pela CNT sobre esse projeto foi apresentado nesta segunda-feira 6, no auditório do Sest Senat, em Natal, na edição regional Rio Grande do Norte do “Fórum CNT de Debates”. O projeto foi exposto para uma plateia composta por empresários, líderes do setor de transportes e autoridades políticas.
Conforme concluiu o estudo da CNT, há viabilidade técnica para a construção do Novo Porto na margem oposta do Rio Potengi. Essa nova estrutura custaria R$ 1,2 bilhão e levaria três anos para ser construída. Caso esse projeto saia do papel, a previsão é que a nova estrutura entre em operação em 2029, numa área de 110 hectares.
“O Porto de Natal precisa ser modernizado, porque o transporte de cabotagem está passando por uma transformação muito grande. O atual porto tem uma série de limitações que, se não for feito um novo terminal, a gente corre o risco de fechar as cargas que vêm para cá. Os navios que hoje chegam aqui não chegarão daqui a 10, 20 anos, então tem que pensar nisso”, defendeu o presidente da CNT.
Diante da importância do pleito para o RN, Vander Costa pediu que a classe política potiguar se una para conseguir executar esse projeto que pretende alavancar o crescimento da economia potiguar. Ele citou como exemplo a união dos políticos dos demais estados do Nordeste e pediu que as autoridades do RN sigam esse mesmo modelo.
“Os políticos daqui tinham que aprender com os [demais] políticos do Nordeste, que sempre quando há interesse da região, eles trabalham unidos para conseguir. O Rio Grande do Norte precisa de um porto moderno. Que seja num ponto A ou B, isso pode ser discutido, mas a bancada tem que estar unida no projeto que vai trazer recursos para o RN”, completou Costa.
Embora reconheça a importância de outros setores, como os de educação e saúde, o presidente da confederação opina que a infraestrutura é o maior desafio do país atualmente, uma vez que os investimentos nesse setor têm o poder de alavancar diversas áreas, a exemplo do turismo, que é fundamental para toda a região Nordeste.
O Fórum CNT de Debates foi o primeiro evento realizado pela CNT fora de Brasília para discutir a infraestrutura de transportes do Brasil. O evento foi pensado como um espaço de diálogo do setor transportador com outros setores da sociedade brasileira e com os poderes constituídos em busca de soluções para o desenvolvimento da infraestrutura e do transporte.
“O governo federal tem um orçamento de quase R$ 20 bilhões para investir em infraestrutura esse ano e agora é hora de trabalhar junto ao Congresso para garantir que o ano que vem tenha os mesmos recursos ou mais, porque o Brasil só vai ter uma infraestrutura razoável se a gente conseguir esse nível de investimentos por três ou quatro anos consecutivos”, prevê Vander Costa.
Fetronor
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor) exaltou a iniciativa na busca pelo fortalecimento do setor em toda a região. “Esse é um momento muito importante em que se fortalece o debate sobre transporte, infraestrutura, mobilidade urbana e outros temas relevantes como a reforma tributária.
Porto de Natal opera em “condições precárias”
Coordenador de um consórcio de empresas responsáveis pela elaboração do estudo, o engenheiro Carlos Alberto Nóbrega afirma que há viabilidade para a criação desse novo terminal portuário na margem oposta à do Porto de Natal, que é administrado pela Companhia Docas do RN (Codern). Para ele, o terminal em funcionamento hoje opera em “condições precárias”, o que provoca prejuízos para a economia do RN.
Entre os principais problemas apontados no estudo, foi constatado que o Porto de Natal sofre hoje com falta de equipamentos, restrições de entrada de navios, baixo calado (profundidade) e área de estocagem reduzida.
“É um porto que, planejado, ele tem chances de repor o papel que o Porto de Natal teria para o RN, só que agora do outro lado do rio. Ainda vai ser uma extensão da Codern, ele vai trabalhar como se fosse uma área que a Codern vai arrendar para fazer um centro portuário”, explica Nóbrega.
Entre os produtos que podem ser operados pelo Novo Porto, Carlos Alberto cita frutas, parte do sal, minérios, entre outras cargas de contêineres. O coordenador do estudo ressalta ainda o potencial de investimentos e outros benefícios que o projeto poderá trazer para o RN.
“À medida que atrai investimentos, atrai também impostos, receita, atrai empregos, então é extremamente importante para o RN ter um porto em boas condições operacionais para escoar as riquezas do Estado”, conclui.
Segundo ele, a média anual de arrecadação do novo porto seria de R$ 409 milhões/ano, durante 32 anos de arrendamento.
Fonte: AgoraRN