O primeiro FIT – Fórum ITL de Inovação do Transporte trouxe um amplo panorama sobre novas tecnologias e conectividade nas rodovias brasileiras. Após três exposições mais focadas em aspectos regulatórios e tecnológicos, o evento se despediu com o painel “Conectividade nas rodovias e o desenvolvimento humano e social”, mediado pela diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. O fórum é uma iniciativa do ITL (Instituto de Transporte e Logística), ligado à Confederação Nacional do Transporte, e contou com o patrocínio da Huawei, multinacional de equipamentos para redes e telecomunicações.
Na ocasião, Goulart comentou o impacto dos processos de digitalização na natureza dos serviços e atendimentos prestados pelo SEST SENAT, o que exige grande resiliência institucional. “A pandemia nos forçou a ofertar produtos por meio digital. A conectividade com os nossos clientes é um desafio à parte, dada a mobilidade diferenciada deles. Sabemos que o impacto com as novas tecnologias é visto com preocupação por parte da população, haja vista a possibilidade de extinção de postos de trabalho. Porém, o SEST SENAT acredita firmemente que outras tantas oportunidades surgirão – e nós esperamos estar preparados para capacitar essas pessoas”, afirmou.
O debatedor Sergio Paulo Gallindo, presidente Executivo da Brasscom, prosseguiu o raciocínio, demonstrando a alta demanda do mercado por novos talentos. A entidade, que representa 86 grupos empresariais do ramo de tecnologia, aposta na geração de empregos relacionados a inteligência artificial, internet das coisas, blockchain, segurança da informação, realidade virtual, robótica, redes sociais, análise de dados e impressão 3D. Segundo ele, a crescente busca por esses profissionais “dá confiança de que o Brasil tem vocação para tecnologia e isso não é algo setorial, mas que perpassa todas as atividades econômicas”.
Em sua participação, Érika Azevedo, representante Latam da Connected Places Catapult, apresentou um extenso portfólio de projetos tecnológicos. A Catapult é uma aceleradora de inovação do Reino Unido voltada para o desenvolvimento de cidades, transporte e lugares. “Com isso, vamos desde o aeroporto até a pracinha, desde que o projeto contribua para o bem-estar da população local. A inovação existe para beneficiar o usuário”, defendeu. A agência apoia várias ações no Brasil, com destaque para o trabalho de melhoria ambiental na cidade de São Paulo, iniciado no ano passado. Outra frente de trabalho promissora são as digital roads (rodovias inteligentes). “A ideia é usar a conectividade para melhorar as condições das rodovias e a conexão entra elas, transformando a experiência do passageiro, que terá uma viagem mais fluida”, antecipou.
Coube a Janc Lage, diretor de Tecnologia e Inovação no Grupo Águia Branca, encerrar o evento com um histórico da jornada de digitalização da empresa, atuante nos ramos de passageiros, logística e comércio. “Desde 2008, a gente se desafia a pegar todo o know-how de fazer transporte com segurança e a transformar isso de forma tecnológica, com uma base de dados cada vez mais ampla”, contou. Nesse processo, eles alimentaram o sistema com milhares de horas de filmagem de viagens, que foram assistidas por olhos humanos e, depois, por robôs, o que garantiu a robustez dos algoritmos. Mais recentemente, implantaram um score de dirigibilidade.
“A gente foi caminhando gradualmente para conseguir mapear o que estava sendo feito, assim como os reflexos sobre o comportamento humano, tanto dos nossos clientes quanto de nossos colaboradores. Isso trouxe um grande aprendizado e, a partir dele, fomos tentando embarcar algumas tecnologias. A principal lição é interagir com o cliente, tanto para melhorar os produtos quanto para tirar fricção dos processos”, compartilhou.