O aumento da mistura do biodiesel de base éster no diesel fóssil impacta o setor de transporte e, em especial, as empresas do segmento rodoviário, maiores consumidoras desse tipo de combustível. Para expor esses efeitos, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) esteve no Ministério de Portos e Aeroportos, e no Ministério do Planejamento e Orçamento.

Atualmente, o teor do biodiesel adicionado ao diesel é de 14%, com previsão de aumentos escalonados nos próximos anos. A porcentagem é definida por resolução do CNPE e o ciclo de reajustes busca cumprir objetivos relacionados à política de transição energética. Porém, na prática, a mudança na composição tem se revelado danosa às empresas que fazem uso extensivo do insumo, com diversos relatos de falha mecânica e perda de desempenho dos veículos.

A partir dessas evidências, a CNT encomendou estudos técnicos e, agora, está divulgando os resultados, que atestam a performance problemática da mistura em teores mais elevados. Desse modo, a entidade entende que novos aumentos sejam condicionados a testes de viabilidade técnica. Defende, ainda que as especificações do biodiesel utilizado no Brasil sejam aprimoradas e que alternativas tecnológicas sejam colocadas à disposição do consumidor.

“Principalmente, é preciso que o setor de transporte seja consultado sobre o tema, pois tem muito a contribuir para a formulação da política pública em questão”, expôs o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, ao chefe do gabinete do Ministério de Portos e Aeroportos, Tomé Barros Monteiro da Franca, na visita institucional do dia anterior. Também acompanharam a reunião a chefe de gabinete da Secretaria de Aviação Civil, Julia Lopes, e o coordenador-geral da Diretoria de Outorgas, Patrimônio e Políticas Regulatórias Aeroportuárias, Daniel Longo.

Na ocasião, os dados sobre o uso do biodiesel foram apresentados pela gerente executiva Ambiental da CNT, Erica Marcos. Foram exibidos vídeos de empresários relatando problemas em bicos injetores, em filtros de combustível e no funcionamento de motores.

Em reação às informações trazidas, Tomé Barros afirmou que o Ministério de Portos e Aeroportos reconhece a legitimidade da Confederação no debate e que os dados trazidos serão estudados internamente.

MPO

O diretor executivo da CNT detalhou o histórico da questão ao secretário executivo adjunto, Márcio Oliveira, e apresentou o relato de transportadores que enfrentam problemas com o combustível desde quando o diesel começou a receber o teor de 10% de biodiesel.

“A mistura [do biodiesel de base éster no diesel fóssil] começou em 2008, com 2%, e cresceu gradativamente. Desde 2018, quando a mistura ainda estava em 10%, a CNT começou a receber reclamações de empresários do segmento rodoviário de cargas e de passageiros relatando os problemas”, pontuou Bruno Batista.

O secretário executivo adjunto do MPO disse que considerou importante a continuidade da rodada de esclarecimentos da CNT sobre os problemas enfrentados pelo setor transportador. Também acompanharam a reunião no MPO Juliana Damasceno, assessora especial da ministra Simone Tebet, e Hébrida Fam, coordenadora de avaliação e financiamento externo.

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