Presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras.

A situação caótica envolvendo o transporte público de Natal prossegue. Os empresários do setor tiveram encontro com a Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) para tratar do tema, mas não houve qualquer definição sobre possíveis melhorias para o serviço.

Para Eudo Laranjeiras, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), a falta de reajustes na tarifa da passagem pode ocasionar falência das empresas. “A tendência é justamente que isso aconteça cada vez mais. Ano passado, duas empresas de transporte da região Metropolitana fecharam. Atualmente, outras duas empresas estão operando em regime de intervenção judicial. São reflexos dessa crise, de termos uma dependência da tarifa, ao mesmo tempo em que não há um valor atualizado, que consiga cobrir minimamente nossos custos”.

Segundo Eudo, o mundo inteiro já utiliza subsídios. “É interessante observarmos que muita gente, mesmo que têm mais condições financeiras, utiliza o transporte público em países desenvolvidos, e é muito comum ouvirmos que isso ocorre pela qualidade que há no transporte público lá nesses países. O subsídio ocorre justamente para isso: garantir não só a qualidade na prestação do serviço, mas a sua operação. A tarifa, hoje, é cara para quem paga e não é suficiente para quem recebe. Existem situações como a meia passagem do estudante, a gratuidade dos idosos e dos PCDs, por exemplo, onde as empresas transportam, e não há qualquer subvenção por parte dos órgãos gestores aqui no Rio Grande do Norte. Tudo isso vai fazendo com que esse valor aumente. Se quisermos, de fato, uma melhoria no transporte, essa realidade precisa mudar”.

O sistema de trens que circulam na Grande Natal, por exemplo, tem tarifa de mais de R$ 10. Porém, a população paga R$ 2,50 – já que o Governo Federal, responsável por esse modal, subsidia o restante. “Esse subsídio não é para as empresas. É para o cliente, para que ele pague uma tarifa menor e tenha um bom serviço”.

Eudo Laranjeiras faz ainda uma observação sobre a licitação tão cobrada em Natal. “A licitação, por si só, não resolve. Fortaleza licitou e várias empresas quebraram. O Rio de Janeiro licitou e várias empresas quebraram. Então, é a questão de que seja estruturada uma licitação atraente e que se mostre as fontes para cobrir aqueles custos. Os dois editais pediam itens como o ar-condicionado e o motor traseiro, mas sem qualquer apontamento de onde viriam as fontes para que isso pudesse ser pago. Um ônibus novo já é algo caro, os mais simples estão custando algo em torno de R$ 750 mil. Quando pensamos em um ônibus com ar-condicionado, motor traseiro, o valor aumenta. Então, se tudo fosse depender da tarifa, essa passagem iria para um valor insustentável, talvez, uns R$ 12. É preciso que a licitação garanta o subsídio”.

Ele disse também que a licitação em Natal, de acordo com a licitação proposta, é inviável. “Esse contrato seria pago só pela tarifa, o que já é algo insustentável. Com toda a grande qualidade do serviço exigido, isso se tornou ainda mais inviável. É preciso que a prefeitura organize, estruture como quer essa contratação, e especialmente, veja os subsídios, para que a tarifa não seja um sufoco para os clientes e os serviços possam melhorar”.

Fonte: Agora RN

 

 

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